Capítulo 27 

Flávia Almeida travou no ato, seu corpo congelou por um instante, e ela virou a cabeça lentamente

Marcelo Lopes estava deitado ao seu lado, com os olhos semiabertos, metade do rosto afundado no travesseiro. A outra metade que estava à vista franzia a testa, claramente descontente por ter sido acordado de repente. 

Olhando para baixo, Flávia notou que sua mão estava descaradamente pousada no peito de Marcelo, agarrando seu peitoral. 

Ela retirou a mão de repente, sentindo–se completamente paralisada, a mente enferrujada e sem funcionar. Então, ela fez uma pergunta idiota. 

“O que você está fazendo aqui?” 

Marcelo Lopes, sem nem se dar ao trabalho de abrir os olhos, respondeu com preguiça: “Não foi você que me contratou pra passar a noite?” 

Flávia Almeida… 

A lembrança do porre que ela tinha convenientemente esquecido veio à tona em um flash. 

“Quanto você cobra por uma noite?” 

*Com essa tua cara de rico, não deve ser barato.” 

“Eu quero dormir com você.” 

Flávia Almeida queria se enterrar em um buraco. 

Aquelas palavras com certeza não tinham saído da boca dela! 

Ela fingiu não ouvir Marcelo Lopes e, agarrando as roupas, tentou se levantar. 

Marcelo Lopes estendeu um braço, puxando–a de volta: Já vai? Sem pagar?” 

“Quem, quem está fugindo?“, Flávia Almeida se enrolou no lençol, seu rosto pegando fogo: “Eu devo dinheiro pra você?” 

Ele apoiou o cotovelo na cama e com a mão livre puxou o lençol, trazendo–a para perto: “Dinheiro da noite, três mil e quinhentos.” 

Ela tinha falado aquelas coisas bêbada, e agora ele se achava o quê? Um garoto de programa? Flávia, ruborizada, disse com os dentes cerrados: “Nós só dormimos juntos, sem mais nada. Por que eu deveria te pagar três mil e quinhentos?” 

Ela parecia uma idiota? Eles não tinham feito nada! 

Marcelo Lopes soltou um murmurio de desdém: “Se não fosse só por dormir, você acha que eu cobraria só isso?” 

Flávia Almeida

“Eu estava bêbada ontem à noite. Desde quando as coisas que se falam bêbado valem alguma coisa?” 

Marcelo Lopes olhou perigosamente para ela, apertando os olhos: “Bêbada você traz um homem pra passar a noite? Onde está a consciência de uma mulher casada?” 

Ela não gostou daquilo e o encarou de volta: “Como assim não tenho consciência? Bebi, não reconheci as pessoas, falei besteira. E você? Estava sobrio pra sair por ai fazendo besteira! Você tem a consciência de um homem casado? Exige dos outros o que nem você faz?” 

Marcelo Lopes ficou furioso com a rajada de palavras: “Estamos falando de você agora. Está tentando distorcer os fatos?” 

“Quem está distorcendo? É óbvio que você é hipócrita! Além do mais, eu não dormi com ninguém, e mesmo que tivesse, estamos nos divorciando, qual o problema?” 

Era o cúmulo! 

Esse desgraçado estava a ponto de transformá–la em uma “tartaruga verde“, com chifres. e ainda tinha a cara de pau de acusá–la? 

Flávia tentou se soltar do braço de Marcelo, mas ele a puxou de volta, pressionandoa contra a cama e segurando seu queixo com força, com uma expressão sombria: “Repita isso?” 

A mão dele era forte, machucando seus ossos. Flávia, irritada, encarou–o ferozmente e sem filtro, disse: “Eu disse alguma mentira? Presidente Lopes, Sr. Lopes, estamos nos divorciando, você se preocupa com quem eu passo a noite? Você não pode, e não me deixa encontrar alguém – Mmm- 

Ela não conseguiu terminar sua frase, porque Marcelo Lopes, de repente, mordeu seu lábio com força

Sim, mordeu. Não foi um beijo! 

Flávia começou a se debater com força, mas Marcelo, o desgraçado, pressionou o lençol contra ela, enrolando seus membros como uma crisálida, e continuou a machucar seus lábios sem piedade. 

A disparidade física entre homens e mulheres era tamanha que ela não tinha a menor chance de resistir. Aos poucos, suas tentativas de luta enfraqueceram e Marcelo Lopes, que antes a agarrava com força, começou a aliviar o aperto, transformando mordidas em beijos. 

No instante em que os lábios de Marcelo pousaram na sua clavícula alva, Flávia Almeida soltou de repente: “Marcelo Lopes, está de marcação comigo porque está com ciúmes, é isso?” 

Ele parou o que estava fazendo e levantou o olhar. Flávia, debaixo dele, encarava–o nos olhos e 

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perguntou pausadamente: “Você está gamado em mim?” 

Marcelo soltou–a e se sentou, lançando–lhe um olhar gelado: “Se enxerga, Flávia Almeida! Enquanto a gente não se divorciar, você ainda é a dona do pedaço na familia Lopes. Não esquece quem você é e não faça besteira por ai pra depois ter que limpar a sujeira!” 

Ele vestiu–se e saiu do quarto. Flávia ficou deitada, encarando o teto, e deu um sorriso 

sarcastico. 

Sabia que não tinha espaço no coração dele, mas mesmo assim, ao fazer aquela pergunta, não pôde evitar de sentir um pouquinho de esperança. 

A resposta, previsível, não surpreendeu. 

Ela detestava o próprio coração, que acelerava com cada toque de Marcelo Lopes, e se odiava ainda mais por se apegar a uma esperança tão tola, mesmo conhecendo o resultado. 

O celular tocou novamente, e Flávia tirou o carregador e atendeu. 

“Flávia?” 

Era a voz de Francisca Ferreira do outro lado da linha: “Sou eu“, respondeu Flávia. 

Francisca suspirou aliviada: “Menina, você me deu um baque! Por que não voltou ontem? Tentei te ligar um monte de vezes e nada. Por onde você andou? Eu quase chamei a policia!” 

Flávia massageou as têmporas, tentando aliviar a ressaca: “Tô bem, passei a noite na casa da minha mãe e esqueci o carregador. O celular descarregou e desligou.” 

Ela escondeu o fato de ter bebido demais, não queria preocupar Francisca. 

“Tudo bem, então. Só queria lembrar do teste para o comercial hoje. Você ainda está no hospital? Passo aí pra te buscar e a gente vai junto.” 

“Não precisa, a gente se encontra no hotel mesmo.” 

“Beleza, então. Daqui a uma hora?” 

Depois de desligar, Flávia não perdeu tempo e saltou da cama para se arrumar. 

As roupas da noite anterior estavam impregnadas com cheiro de álcool e não dava para usar. Sem vergonha, foi até o closet e escolheu algo para vestir. 

Durante sua ausência, Marcelo Lopes não havia mexido em suas coisas. Tudo no closet estava como ela havia deixado, e até havia algumas peças novas da Prada, provavelmente presentes da Vovó Lopes, a única da familia que a tratava com algum carinho. 

Quando recém–casada, Flávia havia passado por uma situação constrangedora em um jantar de familia por causa de suas roupas fora de moda. A familia Almeida, apesar de também ser de comerciantes, não se comparava à familia Lopes. 

As verdadeiras herdeiras, como Aline Lopes, sempre vestiam lançamentos da estação, e Flávia, com suas roupas da temporada passada, destoava completamente do grupo – 

Capitulb 27 

especialmente ao lado de Marcelo. O descompasso já era evidente desde então.  S~ᴇaʀᴄh the ꜰindNʘvel.ɴet website on Gøøglᴇ to access chapters of novels early and in the highest quality.

O constrangimento daquele jantar foi suavizado por algumas palavras da Vovó Lopes e, desde então, a cada estação, a casa da familia enviava roupas novas das principais marcas para Flávia. Talvez a intenção da Vovó Lopes fosse apenas manter as aparências da familia, mas para Flávia, aquele cuidado fazia com que sua vida na familia Lopes fosse um pouco menos 

dificil 

Flávia Almeida ficou se remoendo por dentro ao pensar se o divorcio iria magoar a Vovo Lopes. Aquela pilha de roupas parecia agora pesar na sua consciência. 

Depois de arrumar tudo e descer, Marcelo Lopes tinha sumido, provavelmente meteu o pë. 

Trocou de sapatos e a empregada a interceptou: “Dona, o café está na mesa, vai uma mordida antes de sair?* 

“Não, estou com pressa.” 

“Mas ó, comer um caldinho é bom, pra não tomar remédio de barriga vazia.” 

Flávia parou por um segundo, só pra ver a empregada chegando com aquela caixa cheia de pilulas pretas. 

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